Agosto chegou, e nesta primeira semana comemoramos a Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM), que tem como objetivo divulgar a importância da amamentação, através de ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno. A SMAM é uma iniciativa da WABA (Aliança Mundial para Ação em Aleitamento Materno), e conta com a participação de mais de 120 países. Mas porque a amamentação tem um mês de conscientização, que é o Agosto Dourado, assim como tem o Outubro Rosa e o Novembro Azul??
-Porque, além de inúmeros benefícios e ser uma forma natural de alimentação, está ao mesmo tempo cercada de mitos, crenças e tabus. O leite materno é o alimento “padrão ouro” para recém-nascidos e crianças saudáveis. Devendo ser o único alimento até os seis meses de vida da criança, e depois complementado com alimentos até 2 anos de idade.
-A OMS definiu estas recomendações baseadas nas evidências científicas dos benefícios do aleitamento materno exclusivo, tanto nos aspectos fisiológicos da criança e da lactante, quanto psicológicos e até mesmo financeiro.
-Sim! A amamentação traz benefícios tanto para o bebê quanto para a mãe, visto que, a curto prazo, diminui a mortalidade e morbidade infantil, sendo um fator protetor contra diarreia, infecções respiratórias e alergias, além disso, também tem benefícios a longo prazo, diminuindo as chances de desenvolver sobrepeso, obesidade e diabetes tipo 2 na fase adulta. Ainda, está associado com melhor desenvolvimento infantil e reduz a incidência de cáries e problemas na fala. Já para as nutrizes, amamentar auxilia na perda de peso pós-parto, diminui o risco de sangramento pós-parto, fortalece os laços afetivos,está disponível a qualquer hora, na temperatura ideal e tem baixo custo financeiro.
-É incrível com o nosso corpo e o nosso organismo é inteligente e intuitivo, pois um dos benefícios que mais admiro, é a capacidade do leite materno ser espécie-específico, ou seja, cada nutriz produz o leite adequado para o seu bebê, contendo as vitaminas e minerais necessários de acordo com a idade da criança, e ideal para a maturidade do estômago, por isso que o leite de mães de recém nascidos prematuros é diferente do leite de mães de recém-nascidos a termo.
-Além disso, a amamentação proporciona adequado desenvolvimento motor-oral, visto que, ao extrair o leite materno há uma melhor conformação do palato duro (céu da boca) e havendo uma melhor oclusão dentária, diferente do que acontece com o uso de mamadeiras e chupetas, que prejudicam as funções orofaciais, como a mastigação, deglutição, respiração, articulação dos sons da fala e má-oclusão dentária.
E falando em mitos e tabus… Por muito tempo se acreditou que existia “leite fraco”, aquele que não sustenta o crescimento e desenvolvimento da criança, mas hoje se sabe que isto não é verdade, o que pode acontecer é uma diminuição na produção do leite, mas que pode ser revertido com técnicas adequadas para estímulo da produção.
O leite materno produzido nos primeiros dias após o parto é chamado de colostro, a oferta deste é de extrema importância, porque além de alimentar o recém-nascido, o colostro contém proteínas com função imunológica, que vão auxiliar no sistema de defesa da criança, conferindo-lhe proteção contra microrganismos patógenos. Com o passar dos dias o colostro vai mudando a cor e a sua composição, e vai dando lugar para o “leite maduro”, que no início da mamada é mais rico em água, aquele leite que mata a sede do bebê, e que da metade para o final da mamada é mais rico em gordura, nutrindo o bebê, por isso é muito importante ofertar todo o leite de uma mama antes de passar para a próxima.
-Apesar de comprovado os inúmeros benefícios do aleitamento materno, o cenário atual é bastante preocupante, Brasil é um dos países da América Latina com melhores escores em aleitamento materno, entretanto, os dados ainda são aquém do desejado. Segundo a II Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal, apenas 37% das crianças estão em aleitamento materno exclusivo até os 6 meses, o que segundo os parâmetros da OMS, apontam para uma situação “muito ruim”. Em virtude, do cenário corrente, em 2012, a Assembleia Mundial da Saúde, determinou seis metas globais para o ano de 2025, uma das quais é aumentar a taxa de aleitamento materno nos primeiros 6 meses em, no mínimo, 50%.
-A amamentação é um processo de aprendizagem! Não existe receita para o “sucesso na amamentação”, cada bebê e nutriz tem suas particularidades, sendo a informação a melhor forma de preparação, e sempre que houver dúvidas ou dificuldades sugere-se procurar um profissional capacitado para melhor avaliar, orientar e corrigir a amamentação. O aleitamento materno é um processo que deve ser construído pela dupla mãe-bebê, apoiado pela família e respeitado por todos.
Bárbara Cristina Ergang
Nutricionista Clínica e Consultora em
Amamentação (CRN² 14381)